Combustível adulterado é um produto que sofreu alterações ilegais na sua composição química. Essas alterações comprometem o desempenho do motor, aumentam o desgaste de componentes e podem gerar custos elevados de manutenção. A adulteração pode ocorrer com gasolina, etanol, diesel e até GNV (Gás Natural Veicular). A seguir, detalhamos os sinais, prejuízos técnicos e ações para lidar com o problema.

1. Sinais de Combustível Adulterado

Gasolina

• Formas comuns de adulteração: Adição excessiva de solventes orgânicos como tolueno, benzeno ou nafta, e aumento indevido de etanol anidro (limite legal de 27%).

• Sintomas técnicos:
  • Falhas na combustão: A queima incompleta gera carbonização excessiva no cabeçote e válvulas.
  • Perda de desempenho: Redução de potência e aumento do consumo, pois a relação estequiométrica ar-combustível (14,7:1) fica comprometida.
  • Detonação e pré-ignição: Pode causar batida de pino devido ao índice de octanagem alterado.
  • Falhas no catalisador e sonda lambda: A adulteração interfere na leitura dos gases pelo sistema de controle de emissões.

Etanol

• Formas comuns de adulteração: Mistura com água (fraude mais comum) ou com metanol, que é altamente tóxico.

• Sintomas técnicos:
  • Corrosão: A água reage com metais do sistema de combustível, afetando linhas de alimentação e bombas.
  • Dificuldade de partida: A mistura altera a combustão, principalmente em climas frios.
  • Desgaste dos bicos injetores: A mistura inadequada pode entupir ou prejudicar os componentes internos.

Diesel

• Formas comuns de adulteração: Adição de solventes industriais, óleos queimados, querosene ou água.

• Sintomas técnicos:
  • Perda de lubricidade: O combustível adulterado diminui a lubrificação da bomba injetora, acelerando seu desgaste.
  • Entupimento de filtros: Resíduos sólidos ou líquidos não combustíveis obstruem o sistema de alimentação.
  • Aumento da carbonização: A combustão incompleta gera fuligem excessiva, prejudicando turbinas e válvulas EGR.
  • Ponto de fulgor alterado: O diesel adulterado pode ter ponto de fulgor abaixo do especificado, aumentando o risco de incêndios.

GNV

• Formas comuns de adulteração: Mistura com gases de menor pureza, como CO₂ ou ar comprimido, que reduzem a eficiência energética.

• Sintomas técnicos:
  • Redução do poder calorífico: Menor rendimento por unidade de volume de gás.
  • Falhas de combustão: Pode ocorrer explosão incompleta, causando vibrações no motor.
  • Danos ao sistema de injeção: Impurezas no gás podem obstruir válvulas e reguladores de pressão.

2. Prejuízos Técnicos Causados por Combustível Adulterado

• Corrosão no sistema de combustível:
  Adulterantes como água ou solventes reagem quimicamente com metais e borrachas, corroendo tanques, linhas de alimentação, bomba de combustível e bicos injetores.

• Falha no catalisador:
  Substâncias inadequadas alteram os gases de exaustão, provocando entupimento ou deterioração do catalisador.

• Entupimento de filtros:
  Combustível de má qualidade gera resíduos sólidos, entupindo filtros de combustível e ar.

• Desgaste excessivo do motor:
  Falhas na combustão aumentam depósitos de carbono no pistão, cilindros e válvulas, gerando desgaste prematuro.

• Aumento das emissões poluentes:
  A queima incompleta do combustível eleva a emissão de hidrocarbonetos não queimados (HC), monóxido de carbono (CO) e material particulado (PM).

3. O Que Fazer se Abastecer com Combustível Adulterado?

1. Identifique os sintomas: Verifique perda de potência, luzes de alerta no painel (como a "check engine"), falhas na marcha lenta e aumento no consumo.

2. Leve o veículo a uma oficina: Solicite diagnóstico no sistema de injeção eletrônica, testes nos bicos injetores, catalisador e filtros.
3. Guarde a nota fiscal: É um documento essencial para registrar reclamações.
4. Denuncie o posto suspeito:
   • ANP (Agência Nacional do Petróleo): Ligue para o 0800 970 0267 ou acesse o site oficial.
   • Procon: Informe-se no órgão de defesa do consumidor da sua região.

4. Precauções para Evitar Combustível Adulterado

• Abasteça sempre em postos confiáveis: Prefira bandeiras reconhecidas e verifique se possuem o selo de qualidade da ANP.

• Observe o aspecto do combustível:
  • Gasolina deve ser clara e translúcida.
  • Diesel deve ter coloração uniforme e aspecto límpido.
• Desconfie de preços muito baixos: Valores fora da média são sinais de alerta.
• Solicite testes no posto: A legislação permite que você peça o teste de proveta para verificar a presença de água no etanol e gasolina.
• Mantenha a manutenção em dia: Trocas regulares de filtros, limpeza de bicos injetores e análise do sistema ajudam a minimizar os danos.

E Existe Adulteração em Abastecimento de Carros Elétricos?

Embora o abastecimento de carros elétricos funcione de forma muito diferente em comparação com veículos a combustão, a adulteração também pode ocorrer, mas de maneiras distintas e menos comuns.

Possíveis Formas de "Adulteração" ou Fraude no Carregamento Elétrico

• Cobrança indevida ou manipulação do medidor:
  Estações de recarga podem fornecer menos energia do que o valor cobrado.

• Energia de baixa qualidade:
  Oscilações na tensão elétrica ou uso de fontes instáveis podem prejudicar a eficiência e a vida útil das baterias.
• Falsas estações de recarga:
  Infraestruturas mal projetadas ou não certificadas podem causar sobrecarga e danos ao sistema elétrico do veículo.

Conclusão

Combustíveis adulterados e fraudes no carregamento de veículos elétricos prejudicam o desempenho, aumentam custos de manutenção e comprometem a durabilidade do veículo. Adotar práticas preventivas e conhecer seus direitos como consumidor são essenciais para se proteger e garantir a segurança e eficiência do seu veículo.